Desde quando ingressamos na escola aprendemos que 19 de abril é o "dia do índio". Aí nos vestimos como índios e brincamos, imitando-os, aprendemos alguma coisa. Ficamos lindos, nossos pais nos fotografam, professores elogiam, a escola sente a sensação de dever cumprido. E é isso. No dia seguinte restam as fotos, os objetos (talvez) e o (pouco) aprendizado.
Ao longo da vida pouco aprendemos sobre índios. Parece até que não há conexão alguma entre nós e eles. Achamos um absurdo alguns de seus rituais, e é comum ouvirmos comentários do tipo "que judiação com as próprias crianças... é a falta de civiliação". Ta bom... não é agradável ver uma criança sofrendo, isso é fato. Mas o que se pode dizer de quem é capaz de ver uma criança na rua, usando crack, totalmente abandonada pela sociedade à qual pertence (ou deveria pertencer), e fingir que nada viu? Sobre isso eu penso "que judiação com as nossas crianças... isso é a nossa civilização?"
Há algo que devemos perceber e isso só é possível se olharmos com atenção. Olhe, veja o índio. Ele - essa figura, da qual lembramos na data de hoje; essa figura, que muitas vezes esquecemos; essa figura tão estranha a nós - é um pouco de nós. E nós somos muito dele. Ele esteve aqui, onde estamos hoje, cuidando da terra e guardando a natureza que conseguimos destruir. Ele nos deixou de herança tantas palavras, tantos objetos, tantas receitas de remédios e de comidas deliciosas. E nós, que muitas vezes - por preguiça ou por interesse - não vemos a História, não olhamos para ele e para o seu legado, que herança estamos deixando para as futuras gerações?
Num dia 19, mas não de abril, em 1973, foi aprovado o Estatuto do Índio. Isso foi apenas um passo. Respeitar o índio - e não apenas comemorar sua existência no dia 19 de abril - é respeitar a nós mesmos. Esse respeito pode se expressar de diversas formas: divulgando a história indígena, divulgando a cultura indígena, respeitando as causas indígenas, não criminalizando os movimentos indígenas, entendendo que os índios precisam de muita terra para viver, percebendo os índios como seres humanos essencialmente iguais a nós.
O Bom Dia Dona Justiça oferece aos leitores, além de reflexões sobre nossos irmãos indígenas, a obra de Ammer Jácome, para se deliciarem:
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1 comentários:
Parabéns pela iniciativa. Todavia, acredito que também precisamos enxergar que muitos dos índios, talvez por não ter a devida assistência, aprenderam muito bem as mazelas do homem branco, e a reproduzem quando são convenientes. É preciso entender que respeitar o índio não é deixa-lo à margem de nossa sociedade, do qual ele também faz parte. É preciso inserir suas contribuições no nosso dia-a-dia, para que mais pessoas possam conhecer a nossa origem miscigenada.
Prof° Cásio Barreto
Psicologia - FARN
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