Enquanto a vida segue deliciosamente numa sexta-feira ensolarada, enquanto a vida segue cheia de planos, de prazeres, de conquistas, de trabalho, de estudo, ou até de tristezas passageiras, na iminência do final de semana, senti a necessidade de escrever sobre uma tristeza permanente – que ouso apenas imaginar, pois tenho a sorte de nunca tê-la vivido.
Enquanto estamos construindo cada detalhe de nossas vidas, que têm na base vários aspectos, sendo o mais remoto deles o convívio familiar, há no Brasil 4.427 crianças precisando de adoção, segundo o Cadastro Nacional de Adoção. Esses números parecem tristes? Sim e não. Sim, porque trata-se de número de crianças que, neste exato momento, não têm uma família. Não, porque no Brasil há 26.694 pessoas buscando uma criança para adoção. Então, esses últimos números parecem normais, não é mesmo?
Infelizmente, a resposta é dura e clara: NÃO. A diferença que aqui se mostrou não significa nada que, de fato, possa mudar a vida dos pequenos brasileiros que sofrem com a ausência de um lar familiar. Por quê? Porque a “preferência” dos que pretendem adotar é por meninas brancas de 0 a 06 meses, segundo informações do Ministério Público do Rio Grande do Norte.
Esse dado, além de causar profunda tristeza, faz a gente pensar que o direito que as pessoas têm de escolher a idade, a cor, e o gênero de um possível futuro filho acaba sendo determinante, sobre um direito que é de todas as crianças: ter uma família. É evidente que quem deixa de adotar, deixa de ter o filho querido naquele momento... Mas se puséssemos na balança da Dona Justiça, o que pesaria mais? Desumano é um ser imaginar que apareceu no mundo e não tem quem o queira como filho. Essa tristeza só tem fim quando se ganha uma família. Triste, triste, lamentável mesmo, é ver que o preconceito, até numa hora dessas, fala mais alto do que a dignidade da pessoa humana.
0 comentários:
Postar um comentário