Num país cuja população negra supera 50%, num país cujas
cultura e sociedade são consequências de uma grande participação de negros em
sua história, o que significa a necessidade de se protestar por uma maior
participação de modelos negras nas Semanas de Moda do pais?
Eis a notícia que me chamou atenção: Ativistas protestam contra discriminação racial no Fashion Rio
Caras leitoras, caros leitores, em minha opinião, esse
protesto significa muitas coisas, muitas coisas que não vemos – ou porque não
queremos enxergar, ou porque não nos permitem... Quem? As classes elitistas,
dominantes ainda, que, sem percebermos, cobrem nossos olhos com um discurso
alienante e alienado, aquele mesmo que fundamentou a inconstitucionalidade das
cotas para negros na Universidade de Brasília, aquele mesmo que força uma
igualdade que, sabemos, ainda não existe.
O protesto significa a existência de uma negação – ao promover desfiles
carentes de modelos de pele negra nega-se uma influência na construção de nossa
sociedade e, além dessa crítica, faço uma outra: quantas tendências são
inspiradas na cultura que a África nos deixou? Quantos animais próprios do
continente africano servem de matéria prima para acessórios que desfilam nas
passarelas do mundo inteiro? É assim, nos holofotes do mundo fashion, que se esconde uma verdade. A
cultura negra cabe muito bem em alguns espaços – em outros, não?
Isso me faz pensar, também, na discriminação sofrida pelas
religiões afrodescendentes. O preconceito que se sofre por essa opção é
inegável. Qual é o lugar dessas religiões em nosso país? Mais uma vez, penso
nas cotas mencionadas aqui – o lugar de negros não é, também, nas universidades?
Na moda, na religião, na educação, assim como em
todos os espaços passíveis de preconceito, de discriminação, não propiciar a
participação de negros é querer negar cultura, influência, história. Sabendo a
quem interessa essas negações, lamento. E o Bom Dia Dona Justiça reafirma seu
apoio às causas das minorias que, não obstante a ocultação que as elites tentam
lhes impor, mostram-se, falam, gritam até, e, assim, aparecem.
2 comentários:
Valeu Thaissinha! Muito boa a reflexão! Auana.
Muito bom o seu blog, estive a percorre-lo li alguma coisa, porque espero voltar mais algumas vezes,deu para perceber a sua dedicação em partilhar o seu saber.
Se me der a honra de visitar e ler algumas coisas no Peregrino e servo ficarei radiante.
E se gostar e desejar comente.
Que Deus vos abençõe e guarde.
Abraço.Peregrino E Servo.
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